11/01/10

Já te disse. Nunca fui muito bom nisto, eu nunca sou bom em nada. Sempre detestei chegadas, quando mais partidas. Tu vais partir. Decididamente tu vais partir. Não sei para onde, sinceramente nem quero saber, quanto mais longe da vista, mais longe do coração. Vai-te, não me atormentes. Quem pensas que ÉS? Não és ela. Nunca serás. Ela sim, partiu. Mas levou-me com ela, para o mais longínquo possível e nunca mais voltou.
Podias ter me dito dezenas de palavras, mas nada proferiste. Por momentos imobilizei, mais uma vez.
- Quem és tu?
- Nem eu sei bem, juro que não sei bem, já tentei ser tanto, já tentei ser pouco, nunca fui eu mesma, e desde que nasci, nem me conheço, nem ninguém me conhece. Sou uma sombra, ou rasto, um rastilho possível de um fogo incontrolável, ou até um oceano amargo e profundo sem fim possível.
- Definiste bem, apesar de seres tão misteriosa, digamos que no teu rosto era capaz de ler mil lágrimas, mil desgostos e sorrisos, mas nunca descobriria o teu nome, por isso é que te pergunto.
- Mas que bela maneira de me perguntares o nome, e que tal um café para acompanhar, ou talvez esse fardo que carregas, não te permita levares-me a tua casa.
- Talvez não, o que te leva a concluir tão coisa?
- Nem eu sei, acho que o que me levou a esta conclusão, foi o facto de ter mesmo vontade de tomar um café, e fumar um cigarro...
- Nunca conheci ninguém como tu, tão directa, ninguém que cativa-se o meu olhar, e não a minha cabeça, o meu pensamento e não a minha consciência, como é mesmo o teu nome, ou deverei chamar-te ninguém?
- Chamam-me Anne, mas gosto quando me chamas de ninguém...
( Entre os olhares sólidos , saltamos pensamentos, e lubrificamos palavras amargas, tornando-as em possíveis sonhos)
"Contigo, atravessei fronteiras, por ti quebrei barreiras, mas por te perder, murros se ergueram."

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