09/01/09

Rei do Tempo [1/3]

Imagino-me em meu lugar, num dia soalheiro. Sentado em minha poltrona, que nada de valioso possuía pois era e é apenas e nada mais que um velho banco, ali permaneci. Meus olhos cansados, que muito já tinham visto, observam o horizonte. Estava embrulhado em recordações e despido de qualquer mágoa ou dor, ouvia o silêncio. Meu lugar, apazigua minha alma, e sem qualquer problema, levanto-me e caminho até uma vinha perto de meu refúgio, baixo-me e com minhas mãos rugosas apanho um bocado de terra, vermelha ela é. Fértil como uma jovem mulher, daqui penso eu, poderão nascer mil seres e foi sobre ela, que cresci, foi aqui que tudo aconteceu. Que noite se transformou em dia, que uma criança se transformou em gente. Penso agora para mim se tudo valeu a pena, se o esforço de anos, o trabalho de décadas, contribui de alguma maneira para ajudar este mundo egoísta, será? Não sei, talvez sim, realmente espero que sim, mas continuo sem encontrar minha resposta. Continuei a caminhar em silêncio, rumo ao nada, sem saber o que fazer, o que gritar. Meu rosto estava pávido, sereno e marcado pelas guerras de meu passado, pelo sofrimento e dor que me fizeram voltar a minha terra. Para minha surpresa reconheci um sítio que em criança fora palco de minhas brincadeiras, ainda estava igual, a mesma vedação, a mesma árvore gigantesca que por várias vezes tentara subir mas sempre sem sucesso, esbocei um sorriso quando tais memórias me vieram a cabeça, bons tempos, disse eu em surdina, tempos de jovem criança sem nada para fazer, meu pai severo era, mas percebi que tudo que fazia era para meu próprio bem, pobre homem morreu senil, afastado de tudo e de todos, pouco me lembro dele, mas o que me lembro sustém minhas memorias sobre sua pessoa. Sentei me num banco e observei as planícies, estendiam-se por quilómetros. Uma calma brisa soprava a norte, e levantava meus cabelos arrepiando minha alma, cansado permaneci.
Toda a minha juventude sonhei em fugir para longe das saias de minha terra, agora só me apetece ficar aqui para sempre, em paz, só eu e meus pensamentos. Como as ideias mudam e os sonhos acompanham-nas, como bons seguidores que são. O velho castanheiro agitava com a suave brisa, e eu continuava sentado a observar aquele magnífico panorama. O sol descia para abraçar a noite, e levantei-me e caminhei para meu ninho. Pensei em tudo que tinha vivido, amores e paixões intensas, tudo isto em tão pouco tempo, sonhei que me eram concebidos mais anos para viver, mas rápido afastei esse sonho de minha mente. Para que? Não necessito de mais anos, vivi demasiado bem e feliz, vivi o que tinha para viver, com o que me foi concebido. Só me arrependo de não ter feito melhor em alguns momentos, mas passado é passado, nada mais que isso. Caminhei para o vazio, sem rumo, por caminhos conhecidos por todos, e fi-lo a minha maneira. O sol desvaneceu no horizonte, o que devia fazer agora? Desvanecer-me aqui? Ou partir outra vez para longe de minhas fronteiras? Cansado estava, mas vivo continuava.

6 comentários:

  1. Muito obrigada! Tu tambem escreves muito bem! ^^ xD

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  2. As palavras fazem parte dos textos, e os textos exprimem os nossos sentimentos e estados de espirito, por mais implicito k esteja, estão sempre lá!

    Podes interpretar km kizeres...

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  3. ho!!! como explicas qe consegues escrever sem estar inspirado???

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  4. este também está lindo :)
    quero aprender a escrever assim !

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Obrigado pela opinião. : p