05/03/09

Rei do Tempo [3/3]

Umas semanas mais tarde, encontrei-a no hospital, aparentemente tinha se cortado no braço e esperava para ser atendida, como um cavalheiro que era, e como tinha entrado a pouco tempo, sussurrei lhe ao ouvido que me acompanhasse, e fomos ambos para meu gabinete, onde suavemente curei sua ferida. Ela agradeceu a gentileza, e partiu. Estava cativado por sua timidez e sua beleza mantinha-me seu cativo. Como se o seu cheiro despertasse em mim à mais suave e mais intensa das paixões. Desejava vê-la mais uma vez, mas durante meses nunca meus olhos encontraram os seus. Até que quando parecia ter desistido, a encontrei. Estava a passear na rua. O ponteiro batia as quatro da tarde, quando sem aviso prévio, a chuva inundou os céus. Corri pelas ruas até que encontrei um lugar onde me abrigar, e lá estava ela, como se a minha espera estivesse, sorri-lhe. Ela apresentava-se toda molhada, perguntei lhe se queria acompanhar me a casa onde lhe podia dar uma toalha para se secar, esta aceitou. E daí em diante, ficamos amigos, passávamos as noites em cafés da cidade, a conversar, ou até a discutir temas da actualidade, era como se o tempo corresse para nos separar, pois muito rápido passava. Até que um dia tudo mudou, o bom e o mau juntaram-se, um dia tão bom se transformara num inferno. Tinha decidido contar lhe como meu coração pulava a seu lado como o céu parecia invejar sua beleza, e contei lhe, logo ela me beijou e passamos o dia todo juntos, até aquela fatídica hora. Um oficial de exército dirigiu-se a minha casa nesse dia, onde estava com minha amada, e informou-me que me devia apresentar no cais da cidade pelas sete horas da manhã no dia seguinte para seguir com o exército para o sul de França onde as forças francesas e inglesas combatiam ferozmente o exército alemão, foi como se chão sobre meus pés tivesse cedido, como se tudo tivesse ruído. Ela apresentava uma cara de espanto e de choque, não sabia como tal podia ter acontecido, quando o oficial saiu de casa, pediu me que fugisse, mas eu sabia que essa não era a solução. Nessa noite, foi como se o céu e o inferno se conjugassem num só, fizemos amor, tinha sido mágico mas ambos sabíamos que a manha seria a mais triste de todas as manhas, o separar de um amor, ninguém pode merecer isto. Acordei de as seis horas, escrevi lhe um bilhete, a dizer o quanto a amava, e que voltaria para seus braços brevemente, e parti. O cenário de guerra era chocante, os bombardeamentos constantes, a confusão de tiros e de granadas assustava-me. Mas eu sonhava em voltar para casa e por isso resisti. Em vão foi esse esforço, soube após meu regresso, por parte de sua família, que doce Anne tinha falecido dentro de um túnel em Londres, aparentemente tinha se refugiado nos túneis do metropolitano, e durante um bombardeamento uma conduta de água tinha rebentado inundando o túnel, afogando-a. Nunca mais poderíamos estar juntos, e este fora o meu fim, amaldiçoei os seus por tal ter acontecido. Fugi de Londres na manhã seguinte para nunca mais voltar. Percorri vários países durante vários anos. Até hoje, e agora sentado a porta de meu lar permanecia, era ali que pertencia, junto dos meus. Avistei ao longe uma forma feminina, era ela. Caminhava até mim, suavemente, seus cabelos castanhos, dançavam ao vento, e seus olhos estavam fixados nos meus, mais uma vez, sorri lhe por me ter concedido minha liberdade. E parti com ela, para o infinito.

4 comentários:

  1. Tu tens de certeza mais que uma vida *_*
    Isto é arte! Este é o meu favorito! :D

    beijos*

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  2. ps. E só adoro este porque tem aquelas partes quentes (a) ahaha

    Kiddin'*

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  3. Gostei...

    um bom texto

    continua ( a fazer a tua parte_ escrita)

    que eu vou continuar a minha ( em visitar-te)

    beijo solto

    Neia

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Obrigado pela opinião. : p