06/10/09

Epopeia

Ninguém nos conhecia, mas nos éramos importantes. Nem que fosse somente um para o outro, nos éramos alguém, mesmo dentro um do outro. Éramos os novos revolucionários, homens e mulheres de mudança, a quem a dor não magoava, imunes a ódio e medo. Apaixonados e fies aos caprichos do tempo, comprometidos com a mudança e a liberdade. Tudo isso passava e prendia-se nos nossos pensamentos, quase tudo nos influenciava, até os beijos partilhados sobre o manto de chuva de inverno, sobre aquele frio gelado, mas tão aconchegador.
A mudança alterou toda a geração de mentes dispersas, ofereceu-lhe o que mais precisavam, o conhecimento, a coragem de amar cada segundo e acredito que foi isso que nos tornou tão verdadeiros, dignos de prosperar e amar, não só a as belas raparigas com quem nos cruzávamos diariamente e com quem passávamos a noite, mas amar, e sentir outro tipo de amor, um amor que até aquela altura era hipotético, apenas teórico só visto em paginas desnudadas de sentimento.
Este amor alterou tudo, literalmente tudo, até os olhares se alteravam e começavam a ter outras perspectivas. E sim, o sexo. Esse alterou-se por completo, deixando de ser repetitivo, e com ausência de paixão e sentimentos, tornando-se num momento partilhado, e apreciado, único mesmo que fosse repetido.
Por fim descobrimos a sombra das palavras, o que se esconde para lá das próprias palavras, o seu horizonte. E amar, e a odiar, construimos e destruimos o Mundo.

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