20/05/10

Heaven's Not Enough

Venha o Sol, venho o mar aos meus pés. Traga-me liberdade, traga-me o vento amargo de inverno. Aquele que nos cruza pelos traços do rosto e nos penetra na alma tal e qual um gume ardente que nos perfura o coração distante. Consuma-me de verdade e eloquência, apazigue minha ingenuidade, pois quem me moldou, traiu-me pois roubou a chama do desejo profundo, quebrou e partiu para lá dos limites longínquos do puro e do impuro, do falso e verdadeiro, deixando seu nome cravado a lágrimas salgadas nas quais não consegui me apartar. Fiquei, lentamente, imaginando meus olhos alcançarem teu despedaçado retrato, escondido num canto, na bruma de tantos arrependimentos e fracassos. Não foras tu que me mataste, não fora a desilusão, mas sim o velho, cansado e doloroso peso da verdade sobre meus ombros que não susteram tal fardo e por orgulho, a ninguém supliquei ajuda, morrendo nos meus braços.
Por mais triste que fosse a morte, por mais atrocidante, destruidora e sangrenta, renasci. Das cinzas retornei ao trono dos céus, ao sono dos amantes, pois mais belo que renascer da vida, é renascer da morte. Procurava antes pelo paraíso dos homens, pelo vulgar paraíso, o mais difícil de conquistar, pois no meu aspecto outro destino não puderia ter. E a quando do meu renascimento, me apercebi. Eu faço meu próprio paraíso, meu destino e meu caminho, de rosto erguido contra ou a favor do vento, através de marés e tempestades, dia e noite, por um só fim. Perfumar meu coração em teu amor sincero, pelo perdão dos meus defeitos e por fim por um só deslumbramento de teu rosto expressando o que verdadeiramente é a felicidade.

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