08/08/10

Sonho;


'Imagine. Just Imagine, he said to me.'
Que a medida que subimos a grande escadaria que é a vida o nosso passado se desvanece nas nossas costas e enquanto nos apressamos a fugir do grande inimigo que é o tempo, tudo que lutamos para construir, as relações de amizade e amor se perdem para sempre no impetuoso vazio que é o tempo. Será que vale a pena lutar pelo futuro sem termos um passado? Mesmo que lutemos pelo presente na esperança de alcançar um futuro, esquecendo todas as desventuras que nos amarguram por dentro que consomem nosso coração submergindo-o em dor e sofrimento, será que vale pena?
Creio que não. O passado molda-nos no que somos no presente e seremos no futuro, não devemos atribuir-lhe demasiada importância é claro mas na verdade nunca poderemos esquece-lo e o que temos a fazer é aceita-lo. Nunca seremos perfeitos, admitam.
Talvez nunca tenhamos a oportunidade de mudar o Mundo, de dar o nosso pequeno e ínfimo contributo, pelo menos enquanto não percebermos o quanto a vida é efémera e curta, ela foge-nos entre os dedos, não nos deixando sequer concluir os nossos sonhos ás vezes. É injusta e violenta por vezes, por outro lado é também uma dádiva, o milagre que procuramos durante uma vida inteira. Porque desejar não viver? Porque arrependermos-nos na sombra por aquilo que não fizemos ou pela decisão que julgamos ser certa?
Existe sempre uma segunda oportunidade, um novo caminho no horizonte. Por mais que a vida te fira, amargure ou demova, por mais que te digam para desistir, parar de amar para não sofrer, por mais valente e impossível que seja o teu e o vosso sonho, nunca desistam dele pois ele é a razão da nossa existência. Aquele pequeno e maroto sonho pode mover meio Mundo, transformar um coração aparentemente vazio e solitário no fogo da paixão, na crescente vontade de viver por algo ou por alguém.
Ninguém tem o poder de roubar o sonho pois ele é como a Liberdade, algo impossível de controlar, prender ou até descrever. É o que nos faz acordar todos os dias, o sol que nos ilumina, o sangue que nos corre nas veias, arriscar-me-ia a dizer que o sonho é melodia da alma, pois sem ele tudo se desvanece, sem ele o passado perde o seu significado e a vida perde o seu brilho, a sua essência.

"É talvez o último dia da minha vida.
Saudei o Sol, levantando a mão direita,
Mas não o saudei, dizendo-lhe adeus,
Fiz sinal de gostar de o ver antes: mais nada".

Fernando Pessoa


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