20/09/09

Chuva no Rosto;

Continuo a ouvir a chuva a cair, o vento a soprar, mas não o doce som da tua voz, o soprar da tua respiração suave e inofensiva, pergunto-me porquê desapareceste dos meus sonhos, porque partiste, porque partes sempre para voltar outra vez, espero no mesmo lugar de sempre, nas mesmas escadas onde sempre nos sentamos para observar o mar sereno, a ouvir o despertar do sol, e o leve bater do mar. Não tenho respostas, aliás nos nunca tivemos respostas e mesmo assim, tu nunca respondes, continuas sim, calada. Tal como a parede que sempre observávamos quando nada nos ocupava a mente, quando nada nos fazia falar, sorriamos disparatada mente, não por fora mas poder dentro, em júbilo por estarmos mais uma vez juntos, em harmonia quase perfeita, onde nada nos podia magoar como se de um sonho profundo se tratasse.
Sempre dormias enquanto eu observava solenemente o teu sono, como teu guardião que era e sempre fui. A chuva continua a escorrer pelos vidros, e eu ocupo meu pensamento a vê-la cair, lentamente, até meus olhos se calarem e adormecerem, pois meu pensamento nunca dorme, pois tu ocupas seus espaços de tempo. Quantas vezes ficávamos inertes a sua fúria e continuávamos na rua, sentados, nas mesmas escadas de sempre, pois esse era nosso lugar no mundo, só nosso, imaginário ou não.
A música muda, mas nos não, o som altera-se, mas nós não. Tu realmente podias ter sido fruto de minha imaginação mas tudo isso era impossível, pois eras demasiado perfeita, para seres uma criação imaginária. Só isso toldou nossa visão, ou tal vez não, pois vivemos em tempos contraditórios onde a perfeição é imperfeição para os outros, onde tudo não é o que devia ser. Onde o tiro de uma pistola muda um cenário. Tudo se desmorona em instantes pré-definidos não por nós, não pelo tempo. Pois o tempo é nosso, desde o inicio até ao final de nossa circunstância.
A chuva não parou, nem nos paramos de nos amar intensamente, mesmo que tudo tenha um fim, esta chuva não terá, pois jorre por ti e jorre sobre meu rosto limpando todas as magoas que sentia neste instante, neste momento. Gostava de poder escrever todas as nossas palavras, mesmo porque nunca dissemos nenhuma, pois falamos através de olhares únicos e tão sublimes como a primavera em nós. Ninguém nos conhecia, mas nos éramos a primavera, por mais rara que ela seja, e por mais raras que tenham sido palavras, nenhuma ficou por dizer. Nenhuma teve um final, nem nos tivemos.

8 comentários:

  1. Grande texto, quer de comprimento, quer de palavras, quer de sentimentos expressádos x)

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  2. A maestria de suas palavras...o doce delas...e a vontade de no final querer mais foi impressionante cara...adorei...


    parabens


    Ademerson Novais de Andrade

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  3. "Gostava de poder escrever todas as nossas palavras, mesmo porque nunca dissemos nenhuma, pois falamos através de olhares únicos e tão sublimes como a primavera em nós. Ninguém nos conhecia, mas nos éramos a primavera, por mais rara que ela seja, e por mais raras que tenham sido palavras, nenhuma ficou por dizer. Nenhuma teve um final, nem nos tivemos."

    Olhares esses que valem mil Palavras e que por mais curtos que sejam, dizem Tanto...

    Identifiquei-me com este texto, veio a Lágrima.
    Está muito Bonito (:

    @

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  4. Girooo! gostei muitão de ler! *Vou seguir-te
    **Miminhos

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  5. Deixou-me a pensar! e a lágrima não resitiu e visitou-me ao ler este textooo! muitos parabéns, gosto de como escreves! =)

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Obrigado pela opinião. : p