29/03/10

Prólogo

[...]
"Significa que eu não acredito no Deus da Bíblia."
"Qual é a diferença?"
Ouviu-se um suspiro.
"Sabe, na minha infância eu era um menino muito religioso. Mas, aos doze anos, comecei a ler livros científicos, daqueles popularuchos, não sei se conhece..."
"Sim..."
"... e cheguei a conclusão de que a maior parte das histórias da Bíblia não passavam de narrativas míticas. Deixei de ser um crente quase de um dia para o outro. Pus-me a pensar bem no assunto e apercebi-me de que a ideia de um Deus pessoal é um bocado ingénua, infantil até."
"Porquê?"
"Porque se trata de um conceito antropomórfico, uma fantasia criada pelo homem para tentar influenciar o seu destino e buscar consolo nas horas difíceis. Como nós não podemos interferir com a natureza, criámos esta ideia de que ela é gerida por um Deus benevolente e paternalista que nos ouve e que nos guia. É uma ideia muito reconfortante, não lhe parece? Criámos a ilusão de que, se rezarmos muito, conseguiremos que Ele controle a natureza e satisfaça os nossos desejos, assim por artes mágicas. Quando as coisas correm mal, e como não compreendemos que um Deus tão benevolente o tenha permitido, dizemos que isso deve obedecer a um qualquer desígnio misterioso e ficamos assim mais confortados. Ora, isso não faz sentido, não lhe parece?"

In Formula de Deus (José Rodrigues dos Santos - p. 18 + 2o)

Sem comentários:

Enviar um comentário

Obrigado pela opinião. : p